09 junho 2022

Legionella e Covid: um binómio a que devemos prestar atenção

Legionella e Covid, de que forma estão relacionados?

A doença dos Legionários (doença infecciosa provocada pela bactéria Gram-negativa Legionella pneumophila) e COVID-19 (doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2 da família dos coronavírus) atingem ambos o aparelho respiratório.

Mas qual é o papel do COVID-19 no aumento do risco de contaminação por Legionella? A resposta está estritamente relacionada com o encerramento temporário das instalações hídricas nos períodos de lockdown levados a cabo para conter a pandemia. Antes de aprofundar o tema, devemos porém dar um passo atrás e perceber como se dissemina a Legionella nas instalações hidrossanitárias.

O que é e como se propaga a Legionella nas instalações hidrossanitárias?

A bactéria Legionella (identificadas mais de 50 espécies diferentes) está presente nos ambientes aquáticos naturais como águas de nascente, incluindo termas, rios, lagos, lamas, etc.. Desenvolve-se também em ambientes artificiais, como condutas urbanas e instalações hídricas dos edifícios (reservatórios, tubagens, fontes e piscinas).

Mas como se dissemina a Legionella e quais são as instalações e os processos tecnológicos em risco?

As instalações e processos tecnológicos em risco são todos aqueles que implicam um aquecimento moderado da água (de 25 a 42 ºC) e a sua nebulização (isto é, a formação de microgotas com diâmetro variável de 1 a 5 micron).

Com efeito, a infeção ocorre por inalação da água contaminada difundida em aerossol, isto é, gotículas muito finas. A doença não se contrai bebendo água contaminada nem por transmissão entre pessoas.

Entre os fatores-chave para a proliferação da Legionella encontra-se a estagnação da água e a formação de microfilmes no interior da tubagem, que constituem um ambiente favorável ao desenvolvimento da bactéria, garantindo as suas condições de vida ideais. A atenção deve, por isso, concentrar-se em todos os dispositivos capazes de manter a água a uma temperatura entre os 25 ºC e os 45 ºC e de a nebulizar.

Resumindo, apenas a presença de bactérias não constitui por si só um perigo para as pessoas, mas as bactérias tornam-se perigosas quando:

  • A temperatura varia entre 25 e 45 ºC (o crescimento das bactérias é máximo a 37 ºC);

  • Existem oxigénio e elementos nutritivos;

  • Existem condições para a formação de microgotas (de 1 a 5 micron).

As instalações e os processos tecnológicos com maior risco são:

  • As instalações hidrossanitárias;

  • As instalações de climatização com humidificação do ar/água;

  • As instalações de arrefecimento com torres de evaporação ou condensadores evaporativos;

  • As instalações de distribuição e abastecimento de águas termais;

  • As piscinas e banheiras de hidromassagem.

Aprofundámos o tema da Legionella nas nossas revistas técnicas Hidráulica. Se pretender saber mais, aconselhamos a leitura dos seguintes números:

Hidráulica n.º 35: A Legionella nas instalações hidrossanitárias. 

Hidráulica n.º 23: A Legionella e as instalações autónomas.

Hidráulica n.º 22: dossier exaustivo sobre a Legionella, com a breve história sobre a bactéria, a sua forma de transmissão e as doenças que pode provocar, análise das instalações com maior risco e tratamentos de desinfeção.

Legionella e COVID-19: prevenção nas instalações hídricas

O uso sazonal ou intermitente das instalações hídricas é considerado um fator de risco de crescimento da Legionella. A contenção e a gestão da emergência epidemiológica da COVID-19 implicou uma redução – e uma total suspensão nos períodos de lockdown – na gestão de muitos edifícios, com a consequente estagnação prolongada de águas nas redes de distribuição interna.

Nesse sentido, a falta de intervenções de manutenção tornou-se potencialmente muito perigosa em diversos espaços, das unidades de alojamento turístico, atividades de restauração até aos centros desportivos e comerciais.

Vejamos como se pode intervir para tratar a Legionella após longos períodos de inatividade em edifícios e estruturas.

Tratamento Legionella: atenção às unidades de alojamento fechadas por muito tempo

Antes da reabertura, após o período de inatividade das estruturas, é necessário considerar uma desinfeção rigorosa das instalações sanitárias desativadas durante muito tempo e, consequentemente, com possíveis zonas expostas ao crescimento bacteriológico e a águas estagnadas.

Hoje, o foco está na higienização e desinfeção dos espaços, mas a desinfeção das instalações é igualmente importante. Nesse sentido, aconselhamos a leitura da revista Hidráulica n.º 35, especificamente a partir da página 30 em diante, e a consulta de documentação técnica relativa aos produtos úteis neste contexto.

Quais são os sistemas de tratamento da água?

Os sistemas de tratamento de água a adotar podem ser:

  • tratamentos químicos: implicam a introdução periódica de aditivos na água utilizada nas instalações de produção de água quente sanitária;

  • tratamentos físicos: relacionados com a temperatura e utilizados nos sistemas de uso público, pois são menos invasivos e mais simples de implementar.

Esta imagem apresenta os tempos de sobrevivência da Legionella de acordo com a variação da temperatura da água.

Para efetuar um tratamento térmico podemos optar entre dois caminhos:

  • o choque térmico, que consiste no aumento da temperatura da água até 70-80 ºC por três dias consecutivos, assegurando a sua saída por todos os pontos de consumo durante, pelo menos, 30 minutos por dia. É um tratamento forte e com efeito imediato, usado para o arranque da instalação e sua reabertura.
  • a desinfeção térmica, que pode ocorrer de modo contínuo, mantendo constantemente uma temperatura acima dos 50 ºC na rede de distribuição, ou através de um tratamento periódico diário, fazendo circular a água no mínimo a 60 ºC em toda a instalação durante, pelo menos, 30 minutos. Em comparação com o método do choque térmico, que é uma forma de desinfeção temporária, a desinfeção térmica é um tratamento de manutenção, a longo prazo.

Porque é necessário uma misturadora antilegionella?

Os tratamentos que referimos em cima necessitam da presença de uma misturadora na saída do termoacumulador, que permita gerir a temperatura da água em distribuição, bem como uma rede de recirculação adequada. As misturadoras para a água quente sanitária podem subdividir-se em:

  1. misturadoras termostáticas

  2. misturadoras eletrónicas

  3. misturadoras eletrónicas híbridas

Para ser possível efetuar o ciclo de desinfeção com a versão termostática, é necessária a realização de uma via de bypass, com o auxílio de duas válvulas de zona motorizadas, que seccione a misturadora e possibilite a recirculação de água à temperatura de acumulação durante a fase de desinfeção. Deste modo, porém, não é possível controlar a temperatura de desinfeção em todos os pontos da instalação. 

Para conhecer os nossos componentes para instalações hidrossanitárias, aconselhamos a consulta das seguintes fichas técnicas:

Manutenção das instalações hidrossanitárias

Todos os gestores de unidades de saúde, de alojamento, termais, de uso coletivo e industrial devem garantir a correta manutenção das instalações hidrossanitárias e a implementação de uma série de medidas de controlo fundamentais.

Uma correta fase de projeto é a melhor forma para prevenir a Legionella

É necessário prevenir, controlar e gerir o risco de Legionella nas instalações hídricas. A prevenção baseia-se essencialmente:

  • na correta fase de projeto e realização das instalações tecnológicas com risco, isto é, aquelas que implicam um aquecimento da água e/ou a sua nebulização. Torna-se necessário adotar algumas precauções que permitam manter a água em movimento: é útil considerar sistemas adequados que impeçam a estagnação e permitam a fluxagem da água fria sanitária;

  • na adoção de medidas de prevenção (a breve ou longo prazo) capazes de impedir a difusão da Legionella.

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